terça-feira, 21 de agosto de 2007

Três Enterros de Melquiades Estrada (Three Burials of Melquiades Estrada - 2005 - Estados Unidos/França)

Os irmãos Cohen terão que mostrar serviço. Antes mesmo da entrevista do Arriaga no programa Roda Viva confirmar, era evidente: este filme tem Cormac Mcarthy da abertura aos créditos finais. O velho oeste mais velho e cansado a cada fotograma, sem espaço para aquele tipo de hombridade de um John Wayne que só existiu em celulóide. Tommy Lee Jones caminha manso na fronteira entre o clássico e o anti-western na sua estréia na direção tendo como coiote o roteirista Guillermo Arriaga.

As características do Arriaga de Amores Brutos e 21 Gramas estão todas ali, as complexas subtramas, a morte presente e tátil e o tempo fragmentado tecendo talvez não o seu melhor roteiro, mas o meu preferido. A amizade entre Pete (Tommy Lee Jones) e Melquiades (Julio Cedillo) enche os olhos e a morte de Melquiades leva Pete a tomar ações que beiram a vingança, mas redime não só o assassino de melquiades mas também a vazia relação marido e mulher de Mike Norton (Barry Peper) e Lou Ann (January Jones). Ali pelo meio do filme alguém percebeu: se acabasse agora, estes caras já teriam um puta filme. E a coisa continua em um ritmo que algum desavisado até chamaria de realismo fantástico enquanto Pete arrasta um cadáver e um culpado em direção à uma espécie de Eldorado pessoal.

Mesmo sem ter sido baseado em livro algum de Cormac Mcarthy essa é de longe a melhor obra inspirada pelo homem e um belo de um alvo para os Irmãos Cohen tentarem acertar no vindouro
No Country For Old Men .

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